As investigações da PF apontam que o grupo se dividiu em diferentes núcleos de atuação
Oeste Global | Luís Carlos Nunes – A Polícia Federal determinou a apreensão do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro, como parte da operação realizada nesta quinta-feira (8). Os alvos dessa ação, que foram citados por Mauro Cid em sua delação premiada, incluem não apenas Bolsonaro, mas também outros nomes proeminentes do cenário político.
Bolsonaro, atualmente filiado ao PL, foi pessoalmente visitado pela Polícia Federal em sua residência em Angra dos Reis. Lá, os agentes apreenderam celulares de seus assessores e requisitaram seu passaporte. Como o documento não estava disponível na residência, foi dado um prazo de 24 horas para sua entrega.
Em resposta, Bolsonaro acusou as autoridades de perseguição, declarando que mesmo após mais de um ano fora do governo, continua sendo alvo de intensa pressão. Ele pediu para ser deixado de lado, afirmando que outro líder já está à frente do país.
Além de Bolsonaro, a operação resultou na prisão de Marcelo Câmara e Filipe G. Martins, ex-assessores do ex-presidente. Também foram alvos da ação os nomes de destaque como Braga Netto, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto.
A Operação Tempus Veritatis, como foi denominada, visa investigar uma suposta organização criminosa envolvida em tentativas de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo a Polícia Federal, o grupo buscava vantagens políticas, visando manter o então presidente da República no poder.
As investigações apontam que o grupo se dividiu em diferentes núcleos de atuação. Um deles disseminava a ideia de fraude nas eleições presidenciais de 2022, buscando legitimar uma intervenção militar. Outro eixo consistia em ações para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, com o apoio de militares e estratégias de forças especiais.
O Exército Brasileiro está acompanhando o cumprimento dos mandados em apoio à Polícia Federal. Os crimes investigados incluem organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Além disso, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid trouxe à tona detalhes sobre os planos de golpe, envolvendo Bolsonaro e outros membros do governo. Segundo Cid, Bolsonaro teria participado ativamente na elaboração de um decreto para evitar a troca de governo após as eleições de 2022, chegando a pedir modificações no texto proposto.
Essas revelações também implicaram outros nomes, como o ex-ministro da Defesa Braga Netto, que teria informado Bolsonaro sobre movimentos golpistas em frente aos quartéis do Exército. A investigação busca esclarecer se Braga Netto atuava como intermediário entre o presidente e os manifestantes golpistas.