Ucranianas são detidas com ovos de arara-azul-de-lear adquiridos em Barreiras, Bahia

As araras-de-lear são alvos frequentes de atividades ilegais, tanto dentro quanto fora do Brasil. A pressão exercida por traficantes brasileiros e estrangeiros é crescente

Oeste Global com informações da PF – Duas cidadãs ucranianas foram detidas sob acusação de tráfico internacional após serem flagradas na posse de ovos de arara-azul-de-lear. A Justiça Federal determinou inicialmente que as mulheres permanecessem em liberdade mediante o pagamento de fiança, porém, posteriormente, decretou a prisão preventiva das suspeitas.

As ucranianas, portadoras de visto de turistas, foram abordadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na última sexta-feira (2) na BR-116, em Minas Gerais. Elas estavam viajando de carro entre Salvador (BA) e São Paulo (SP), com destino ao aeroporto de Guarulhos para um voo com destino ao Suriname.

Durante a abordagem, as autoridades descobriram seis ovos que as suspeitas carregavam em uma “chocadeira portátil”. Segundo relatos das investigadas à Justiça, os ovos foram adquiridos na região de Barreiras, situada a cerca de mil quilômetros da capital baiana. Esse equipamento é facilmente adquirido pela internet ou em lojas físicas por aproximadamente R$ 25,00.

Entretanto, de forma surpreendente, os ovos foram quebrados pelas ucranianas enquanto estavam sob custódia, pois foram deixados com uma delas na viatura que as transportava para registrar a ocorrência. Esse ato também é considerado crime pela legislação brasileira.

Em sua decisão preliminar, a Justiça Federal registra que órgãos policiais e ambientais receberam múltiplas denúncias de que “mulheres estrangeiras que se autodeclaravam ucranianas” frequentavam aquela região baiana durante o período de reprodução da espécie, que está em alto risco de extinção.

As araras-de-lear são alvos frequentes de atividades ilegais, tanto dentro quanto fora do Brasil. A pressão exercida por traficantes brasileiros e estrangeiros é crescente, pois menos de 2 mil dessas aves ainda existem em seu habitat natural na Caatinga.

Recentemente, um casal de arara-azul-de-lear foi apreendido em Mairiporã (SP). Em maio do ano passado, três araras dessa espécie foram confiscadas no Aeroporto Internacional de Daca, capital de Bangladesh, mas foram declaradas mortas pelo governo do país asiático antes de retornarem ao Brasil.

Em julho do mesmo ano, 29 araras-de-lear e 7 micos-leões-dourados, também exclusivos do Brasil, foram confiscados em Paramaribo (Suriname). No entanto, horas antes de serem repatriadas, 24 araras foram roubadas. O paradeiro delas e os responsáveis pelo crime ainda não foram identificados.

Diante do contínuo tráfico da ave brasileira, entidades conservacionistas ressaltam que os esforços para aumentar sua população natural são comprometidos pelo comércio ilegal, pela destruição do habitat e por acidentes na rede elétrica. Elas exigem ações urgentes e firmes das autoridades públicas.

As apreensões indicam a existência de uma quadrilha de traficantes internacionais altamente estruturada operando livremente no Brasil. A fauna brasileira está sendo pilhada por criminosos com habilidades para lidar tanto com aves adultas capturadas quanto com ovos frágeis.

O manifesto também denuncia que os criminosos contam com a colaboração de indivíduos brasileiros que vivem nas regiões habitadas pelas araras, sendo estes responsáveis por identificar locais de nidificação ou de concentração das aves para sua captura e entrega aos traficantes internacionais.

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