Onde o absurdo se encontra com a realidade e a ironia prevalece
Luís Carlos Nunes – O frenesi político que envolve o pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liderado pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL), está mais quente do que pimenta malagueta em dia de verão na Amazônia. Contudo, os céticos jurídicos, munidos de seus óculos de leitura minuciosa da lei, não conseguem esconder uma gargalhada discreta ao analisar essa tentativa que parece mais uma piada de mau gosto do que um movimento político sério.
Com a habilidade de uma bailarina em cima de um tablado de ovos, Zambelli apresentou o pedido de impeachment no dia 22 de janeiro, levando consigo um séquito de parlamentares que parecem tão perdidos quanto uma tiazinha do zap defendendo que judeu é cristão. Até o momento da redação desta reportagem, 139 assinaturas foram contabilizadas, algumas ainda pendentes, o que deixa claro que há mais gente disposta a assinar qualquer coisa do que a revisar o regimento interno da Câmara.
A polêmica começou quando Lula, fez um fala forte sobre os ataques de Israel que vem matando milhares de civis, sendo em sua maioria, criança, mulheres e idosos, comparando as ações a genocídio. Uma declaração que fez mais barulho do que uma banda de heavy metal em uma igreja durante um casamento. Israel, não contente com a comparação, decidiu que Lula era tão bem-vindo em seu país quanto um touro em uma loja de porcelanas.
No entanto, os juristas, com suas capas de heróis da legalidade, apontam que Zambelli e sua trupe não apenas ignoraram o regimento interno da Câmara Federal, mas também deram um tiro no próprio pé ao assinar o pedido de impeachment. Segundo Miguel Reale Junior, que já esteve na linha de frente do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o ato de assinar o pedido coloca os deputados automaticamente no banco dos réus, impedindo-os de participar da comissão especial, caso o pedido seja aceito por Arthur Lira.
“Está tudo errado, desde o começo. Esse pedido é esdrúxulo e nasce morto porque é assinado por parlamentares. Não há vantagem para o parlamentar assinar o pedido. Ou é falta de conhecimento desses parlamentares ou eles querem mesmo ficar inviabilizados”, ressaltou Reale Júnior ao Congresso em Foco.
Para completar o espetáculo, há também a falta de sustentação jurídica do pedido de impeachment, algo tão evidente quanto um elefante cor-de-rosa em uma sala de estar. E mesmo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, próximo do governo petista, a perspectiva de sucesso desse pedido parece mais distante do que o polo norte em pleno verão.
Enquanto isso, nos bastidores do circo político, Lula e sua equipe observam a situação com um sorriso de quem sabe que a vitória já está garantida. Afinal, para que o pedido de impeachment seja bem-sucedido, seria necessário o apoio de 342 dos 513 deputados. Uma tarefa tão fácil quanto convencer teimosos e ignorantes de que vacinas salvam vidas e de que a terra é redonda.