Oeste Global com Oeco – A situação da dengue no Brasil atinge níveis alarmantes, com um acentuado aumento de casos em diversas regiões nos últimos meses. O país já lamenta a perda de mais de 150 vidas para a doença, enquanto cerca de 700 mil habitantes foram infectados. Segundo dados do Ministério da Saúde, a história da dengue no país remonta a períodos anteriores, destacando a persistência desse problema ao longo dos anos.
O aumento da incidência da dengue em diferentes partes do Brasil está intrinsecamente ligado às mudanças climáticas, uma preocupação evidente que tem sido destacada em reportagens, como aquela publicada na revista Carta Capital em 08 de fevereiro de 2024. A proliferação do Aedes aegypti, vetor da doença, é diretamente influenciada por essas alterações climáticas. Embora a introdução de vetores infectados possa ser uma medida preventiva relevante, é crucial avaliar seus impactos ambientais para evitar desequilíbrios no ecossistema. No entanto, a questão ambiental é complexa e requer visão de longo prazo, como salientado pela Carta Capital.
Nesse contexto, destaca-se a responsabilidade do jornalismo em oferecer uma cobertura completa e detalhada dos assuntos de saúde pública, bem como de suas interconexões socioambientais.
Em um artigo científico intitulado “Dengue, Zika e Chikungunya: Análise da cobertura do risco de doenças associadas às mudanças climáticas sob a ótica do Jornalismo Ambiental”, pesquisadoras do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS) ressaltam a importância da comunicação na percepção de riscos e na compreensão dos fatores causadores e das formas de superação dos surtos de 2015 e 2016.
O jornalismo desempenha um papel crucial ao fornecer alertas, informações e instruções à população para reduzir o impacto da dengue. Além disso, as reportagens também têm o papel de expor deficiências no sistema de saúde, pressionando os órgãos públicos a agirem para garantir a segurança da população.
É fundamental compreender as responsabilidades de todos os envolvidos na questão da dengue. O jornalismo, juntamente com outros setores da sociedade, desempenha um papel essencial ao convocar os cidadãos a agirem de forma colaborativa para controlar a reprodução dos mosquitos vetores da doença.
No entanto, é necessário ir além da simples cobertura dos surtos, considerando permanentemente os aspectos ambientais e as responsabilidades públicas na abordagem da saúde. A prevenção da dengue deve envolver a preservação dos ecossistemas, a melhoria das condições de vida nas cidades e periferias, bem como a mitigação das mudanças climáticas.
O Jornalismo Ambiental desempenha um papel crucial na comunicação dos riscos associados ao meio ambiente, incluindo doenças como a dengue. É fundamental que o público compreenda os fatores que contribuem para essas doenças e como enfrentá-las. A cobertura jornalística sobre a dengue evoluiu ao longo do tempo, reconhecendo cada vez mais a influência das mudanças climáticas nos surtos da doença.
No entanto, é preciso que a sociedade brasileira atue mais fortemente na prevenção, ao invés de apenas na contenção de danos. O jornalismo deve propor pautas que abordem permanentemente a redução das desigualdades sociais e dos desequilíbrios ambientais, orientado pelo princípio da precaução, agindo antes que as crises se estabeleçam.