Essa onda de desinformação sobre a Ilha de Marajó teve início em 2022, quando Damares Alves, então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, propagou informações falsas sobre a região
Oeste Global – O Observatório do Marajó, uma organização não governamental dedicada ao desenvolvimento de políticas públicas no arquipélago paraense, emitiu um alerta contundente contra uma campanha que associa a região à exploração e violação sexual de crianças e adolescentes.
A nota pública, divulgada recentemente, rejeita veementemente a propaganda que tenta vincular o Marajó a tais práticas. “A população local não tolera violência contra crianças e adolescentes. Quem insiste nessa narrativa está difundindo mentiras e desrespeitando o povo marajoara”, destaca o comunicado.
A ONG esclarece que redes criminosas existem em todo o país, não sendo um problema exclusivo da ilha. E enfatiza que a proteção das crianças contra a violência requer o fortalecimento dos sistemas de proteção e garantia de direitos.
Entretanto, a senadora Damares Alves (Republicanos) recentemente trouxe à tona a questão em suas redes sociais, alegando que tentou resolver o suposto problema durante sua gestão, mas que a prioridade dada ao combate à pandemia impediu resultados mais eficazes.
Essa onda de desinformação sobre a Ilha de Marajó teve início em 2022, quando Damares Alves, então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, propagou informações falsas sobre a região. Na época, a parlamentar afirmou ter ouvido relatos de estupro e tráfico de crianças no local, porém não apresentou provas.
O Observatório do Marajó também critica a conduta da ex-ministra, ressaltando que ela não direcionou os recursos prometidos para a região e acusa-a de difamar repetidamente a população local.
Relembrando o caso de 2022, Damares alegou ter descoberto um esquema de tráfico de crianças na ilha, durante um discurso religioso em Goiânia. No entanto, o Ministério Público Federal afirmou que, nos últimos 30 anos, não recebeu nenhuma denúncia relacionada a torturas ou tráfico de crianças no Marajó.
Em setembro de 2023, o Ministério Público Federal moveu uma ação civil pública contra Damares, solicitando uma multa de R$ 5 milhões. Os procuradores alegaram que as informações divulgadas pela senadora eram falsas e sensacionalistas, mas a decisão final do tribunal ainda está pendente.