Reuters – O governo da Rússia anunciou nesta segunda-feira, 11, que um grupo de seus navios de guerra chegou ao Golfo de Omã para participar de exercícios militares junto de soldados da China e do Irã. O treinamento, nomeado de “Cinturão da Segurança Marítima”, irá envolver navios e aviões, afirmou o Ministério da Defesa russo em comunicado veiculado pela mídia estatal.
“A parte prática do exercício terá lugar nas águas do Golfo de Omã, no Mar da Arábia”, disse a pasta. “O principal objetivo das manobras é trabalhar a segurança da atividade econômica marítima”.
O anúncio se dá em meio às tensões entre os três países e o Ocidente. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, acusou os Estados Unidos de estarem “obcecados” em estrangular a economia do país, referindo-se à imposição num nível “desconcertante” de sanções a empresas chinesas. Há também a questão de Taiwan, um ponto sensível na relação entre a China e países ocidentais.
Também na semana passada, Vladimir Zarudnitsky, general do alto escalão do exército da Rússia, afirmou em artigo que a guerra na Ucrânia pode transbordar para o resto da Europa, tornando-se um conflito em escala continental. Segundo ele, as chances disso acontecer estão aumentando “significativamente”.
“A possibilidade de uma escalada do conflito na Ucrânia – desde a expansão dos participantes com ‘forças por procuração’, usadas para o confronto militar com a Rússia, até uma guerra em grande escala na Europa – não pode ser descartada”, disse ele, segundo a agência de notícias estatal RIA.
A narrativa do Kremlin é que a invasão da Ucrânia, há dois anos, tinha por objetivo garantir a segurança da própria Rússia contra um vizinho cada vez mais hostil, apoiado por Washington. Kiev, por sua vez, diz que está se defendendo contra uma guerra de estilo imperial, cuja meta é não só conquistar território, mas também apagar a identidade nacional.
A guerra na Ucrânia desencadeou o conflito mais profundo nas relações da Rússia com o chamado mundo ocidental desde a crise dos mísseis cubanos, em 1962. Putin já alertou que os Estados Unidos e seus aliados da Otan correm risco de provocar uma guerra nuclear caso enviem seus próprios soldados para lutar em solo ucraniano.
Os comentários de Zarudnitsky ocorrem ao mesmo tempo que os aliados da Ucrânia lutam para tentar ajudar o país em guerra, com o envio de mais armas e pacotes de financiamento. Isso depois da fracassada contraofensiva de Kiev no ano passado, e num momento em que as forças russas parecem ter recuperado a iniciativa no campo de batalha.