Luís Carlos Nunes – Em meio aos campos dourados do cerrado nordestino, onde o aroma dos grãos se entrelaça com as malcheirosas intrigas políticas, a corrida eleitoral ganha contornos de um espetáculo surreal digno de um teatro de absurdos.
Enquanto os pré-candidatos se preparam para a dança das cadeiras partidárias rumo às eleições municipais, os bastidores se transformam em um verdadeiro enxame de camaleões, pintando um quadro de comédia bufonesca e enigmática.
Bira Lisboa, o cavaleiro esperançoso do PDT, empunhando o seu canivete Suíço comprado na feira do Guará, já garantiu seu assento sob as bênçãos do cacique Lupi, bordando uma trama tão densa quanto as ramas de capim dourado, planta típica daquela região norte-nordestina.
O prefeito Neo Afonso, cujo desejo de reeleição visa alcançar o feito épico e glamoroso de conquistar o quarto mandato, promete levar as ruas ao delírio com um eventual grito de vitória: “É tetra, É tetra!”, ecoando como o vento nas dobras do frondoso Rio Preto, onde aportava o finado vapor Jansen Melo.
Enquanto isso, outros navegantes dessa nau política enfrentam tempestades em busca do porto seguro para suas ambições eleitorais.
Adelar Eloi Lutz, figura exótica que estrelou escândalos televisivos envolvendo celulares em sutiãs, navega por águas agitadas rumo ao ocaso. Presidente do Partido das Mulheres do Brasil (PMB), assiste seu reino desmoronar como um castelo de cartas, com o crepúsculo de seu mandato se aproximando após o pleito político.
Rumores sussurram no vento das praças e nas rodas de fofoca que Lutz busca de forma frenética e ambígua um caminho ao lado de um arauto chamado “Avante”, numa dança de sombras que ecoa os segredos do cerrado. O Partido Liberal, que poderia ser seu refúgio seguro, lhe virou as costas. Encontra-se ocupado por uma comissão provisória desde fevereiro, revelando a efemeridade da política em busca do trono máximo.
Outros personagens, como Batista, irmão do ex-prefeito local, que ensaia seus passos no fio do bisturi sob a tutela de seu irmão mais velho, e o ex-vereador José Augusto, travam uma batalha feroz em meio à selva partidária em busca de um oásis nesse turbilhão.
Na cidade de clima ardente, onde a natureza baila em um samba folha ao acolher do povo, a cacofonia das siglas partidárias se alastra como um fogo – sem aceiro – crepitante prestes a eclodir. Sem a intenção de provar, reza um antigo ditado: “na política, todos os bichos são bem-vindos, exceto o bicho burro, pois nessa arena a estrela é sempre a hiena sapeca!”
Nos palcos da política, os políticos correm como lebres desvairadas não só em busca de um partido, mas de um verdadeiro exército de siglas para forjar uma aliança invencível, que sá, invencível. A cada letra acrescentada, uma arma no arsenal de interesses e negociações, onde o jogo do poder se revela como um quebra-cabeça em constante mutação.
Enfim, em meio às ondas límpidas do tabuleiro político nordestino, a puxada de tapetes se mostra como uma sombra ameaçadora, uma prática que ronda todos os pretendentes ao trono. Será esta a trama da próxima grande comédia política de formosa do Rio Preto?
Ah, somente as estrelas e as águas sussurrantes do frondoso Rio Preto poderão revelar os próximos atos dessa peça enigmática e cheia de reviravoltas.