O ex-governador do Piauí, Wellington Dias (PT), facilitou a aproximação entre Nunes Marques e o presidente Lula. Nos bastidores do STF o estreitamento da relação entre Lula e Nunes Marques teve início por intermédio de Gilmar Mendes
Análise de conjuntura, Luís Carlos Nunes – O ministro Nunes Marques, prestes a assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem chamado a atenção por sua habilidade política e estreitamento de laços estratégicos com figuras de destaque, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua crescente influência nos tribunais federais e a nomeação de aliados têm despertado inquietação entre os seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A proximidade de Nunes Marques com o Palácio do Planalto resultou em conversas reservadas com o presidente Lula e no fortalecimento de sua influência nos tribunais federais, nos quais conseguiu posicionar apoiadores. As escolhas, em última instância, são atribuição do mandatário da República.
Na mais recente seleção de desembargadores feita por Lula para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ao qual Nunes Marques é vinculado, o ministro assegurou a nomeação do juiz João Carlos Mayer Soares, consolidando sua presença em processos de diversos estados do país.
O ex-governador do Piauí e atual ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), um amigo próximo, facilitou a aproximação entre Nunes Marques e o presidente Lula. Nos bastidores do Supremo, percebe-se que o estreitamento da relação entre Lula e Nunes Marques teve início por meio de Gilmar Mendes, membro do STF com relevante influência no Planalto.
Apesar de desentendimentos anteriores, Nunes Marques e Gilmar Mendes costuraram uma trégua no final de 2023, mediada pela advogada Guiomar Mendes, esposa de Gilmar, indicando uma maior concordância em decisões judiciais. A proximidade entre o ministro e Lula se tornou mais evidente em 2023, com o presidente prestigiando os indicados de Nunes Marques para tribunais e mantendo conversas sobre questões pessoais.
Além das conexões políticas, o gabinete de Nunes Marques tem em análise casos relevantes para o Planalto, como a ação que contesta a redução do poder de voto da União na Eletrobras. Sua postura favorável ao governo foi evidenciada ao encaminhar o caso para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, da Advocacia-Geral da União (AGU).
Nunes Marques, indicado para o STF por Jair Bolsonaro, votou contra tornar o ex-presidente inelegível, o que tem gerado preocupação entre os bolsonaristas. A crescente proximidade com Lula, em vista da sua futura presidência no TSE em 2026, tem despertado atenção e especulações no cenário político nacional.