O relatório da PF será encaminhado à PGR para avaliação, que decidirá se Carla Zambelli será denunciada ao STF
Oeste Global – A Polícia Federal (PF) concluiu sua investigação sobre a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 4 de janeiro de 2023, e apontou o hacker Walter Delgatti Neto e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) como suspeitos de cometerem os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Segundo as autoridades, durante o hackeamento do CNJ, documentos falsos foram inseridos no sistema do Judiciário, incluindo uma ordem de prisão fictícia contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a imitação de sua assinatura.
O relatório da PF será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para avaliação, que decidirá se Carla Zambelli será denunciada ao STF. Caso haja denúncia, esta marcará o início de uma possível ação penal. O ministro Alexandre de Moraes será o relator deste caso no STF.
Em resposta ao indiciamento, o advogado de Zambelli, Daniel Bialski, declarou que a deputada nunca solicitou a invasão do sistema do CNJ a Walter Delgatti. Por sua vez, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, afirmou que não se surpreende com o indiciamento do seu cliente, pois desde sua prisão ele confessou sua participação na invasão do CNJ. Moreira também destacou que o indiciamento de Zambelli confirma a colaboração de Delgatti com as autoridades, levando a PF até a mandante e financiadora dos atos por ele perpetrados.
“A defesa da deputada Carla Zambelli conquanto ainda não tenha analisado minuciosamente os novos documentos e o relatório ofertado pela Polícia Federal, REFORÇA que ela JAMAIS fez qualquer tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões à sistemas ou praticasse qualquer ilicitude”, afirmou o advogado Daniel Bialski.
Este é o primeiro inquérito concluído pela PF que envolve aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em ações relacionadas a ataques à democracia. Carla Zambelli, que foi a segunda deputada federal mais votada em São Paulo, com quase 1 milhão de votos, era uma das principais aliadas do ex-presidente. Em 10 de agosto de 2022, às vésperas das eleições, ela levou Delgatti para um encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir questões relacionadas às urnas eletrônicas.