De acordo com o documento, Bolsonaro argumentou na reunião de cúpula que não podiam esperar até o final de seu mandato para agir e justificou a urgência do golpe enquanto ele estivesse no poder
Oeste Global | Luís Carlos Nunes – Um vídeo gravado durante uma reunião realizada em 5 de julho de 2022, veio à tona, revelando uma trama sinistra envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, ministros da Defesa, da Justiça, membros do GSI e da Abin. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que resultou em prisões, buscas e apreensões recentes, foi fundamentada nos detalhes expostos nas páginas 59 a 69 do documento.
O tenente-coronel Mauro Cid, auxiliar direto do então presidente, foi o responsável por gravar a reunião, na qual se delineava um golpe de Estado. A Polícia Federal teve acesso ao vídeo por meio dos arquivos eletrônicos do tenente-coronel. Durante o encontro, Bolsonaro instigou seus 23 ministros a apoiarem abertamente o golpismo, sugerindo até mesmo suborno de ministros do Supremo Tribunal Federal para favorecer seu governo.
Bolsonaro argumentou que não podiam esperar até o final de seu mandato para agir e justificou a urgência do golpe enquanto ele estivesse no poder. Além disso, o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, admitiu que o Exército estava envolvido na produção de informações falsas para questionar a integridade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral.
O ministro da Justiça à época, Anderson Torres, revelou ter direcionado a Polícia Federal, incluindo o diretor-geral, para fabricar associações infundadas entre o Partido dos Trabalhadores e o Primeiro Comando da Capital (PCC), alimentando assim as fake news propagadas pelos apoiadores de Bolsonaro.
Por fim, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional na ocasião, informou aos presentes sobre a infiltração de agentes da ABIN em campanhas políticas adversárias. Bolsonaro solicitou uma conversa separada sobre essas atividades, denotando uma clara intenção de manipular o processo político de forma ilegal.
O conteúdo da reunião, agora revelado, expõe não apenas um conjunto de atos repudiáveis, mas também uma clara ameaça à democracia e às instituições do país.