As medições e monitoramento do clima global começaram em 1850. Essa janela entre 1850 e 1900 é conhecida como o “patamar pré-industrial”, pois revela a temperatura média do mundo antes do carvão começar a queimar nas fábricas. Esse marco é usado como referência, por exemplo, no Acordo de Paris, que estabelece o compromisso de restringir o aumento da temperatura em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, com esforços para que este aumento não ultrapasse os 1,5°C, considerado um limite “seguro” para nossa vida no planeta.
Se alguém ainda questionava a palavra crise ao se tratar da situação climática, a temperatura média de 2023 reforça o alerta. O ano ficou 1,48°C acima dos patamares pré-industriais. E é provável, de acordo com os dados do Copernicus, que até o final de janeiro ou fevereiro de 2024, a humanidade complete 12 meses com uma média já acima dos 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Ou seja, o Acordo de Paris é agora.
No último ano, cada um dos meses de junho até dezembro bateram recordes de calor. E os meses de julho e agosto foram os mais quentes já registrados.
Além disso, o ano de 2023 marca a primeira vez em que todos os dias, de 1º de janeiro a 31 de dezembro, ficaram 1°C acima da era pré-industrial. E quase metade deles ultrapassaram a marca de 1,5°C mais quente do que o patamar 1850-1900. Durante dois dias de novembro a situação foi ainda mais crítica e, pela primeira vez, ultrapassamos os 2°C acima da média pré-industrial.
Outro recorde angariado por 2023 ocorreu no Ártico, onde o gelo marinho atingiu mínimas históricas de extensão diárias e mensal em fevereiro. Ao todo, durante oito meses do último ano, a extensão de gelo ficou abaixo do normal.
O ano de 2024 pode ser ainda mais quente, alerta o relatório do Copernicus, “com uma probabilidade razoável de que o ano termine com uma temperatura média superior a 1,5°C acima do nível pré-industrial”.